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Alegra-me muito o regresso de Vasco Santos, editor da Fenda e agora da VS. Que se apresenta, num texto da autoria do próprio do editor, como um catálogo que acredita na “verdadeira e impura literatura”. E é verdade isso. A melhor literatura é impura. Cruza géneros, dá guarida ao caos, provoca sem o objectivo pífio de chocar, faz exclamações quando se justificam, não se contenta com valsas bem ensaiadas. Aqui está o volume “Aforismos” do dramaturgo, jornalista, poeta e aforista Karl Kraus, que viveu em Viena entre o fim do Império Austro-Húngaro e o arranque da II Guerra Mundial, cuja publicação foi adiada mas que já está aí, nas melhores farmácias literárias. Escreveu: “Repreender a sátira significa argumentar contra a falta de consideração do fogo para com os méritos da madeira”. Por isso afrontou - com graça e mistério - políticos, jornalistas e gente da cultura vienense, denunciando a guerra, primeiro, e o nacional-socialismo, depois, e a forma como a imprensa, com uma linguagem corrupta, os adocicava com palavras mansas. Também escreveu sobre arte, língua, literatura, homens, mulheres. Craque no campeonato da frase curta, Kraus é um bicho literário impuro e inclassificável.
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