Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Sempre quis escrever uma peça sobre um pai e um filho. Se querem que vos diga, não sei explicar bem porquê. Talvez por ser das relações que mais me tocam - e por nela encontrar grande potencial dramático. Há muito (mais de dez anos) que remoo a ideia. Agora concretiza-se – e concretiza-se com um grupo decisivo de pessoas – o Eduardo Frazão e o Manuel Coelho, actores, e o João Rosa, encenador - com o qual fui construindo o texto, ao longo de aproximadamente dois anos, após um primeiro desenho e de esboços vários. Depois, em hora feliz, chegou também, para as letras de slam poetry, o Pedro FM da Silva, com quem já havia colaborado num programa em que ele aparecia na sua personagem Silva, o Sentinela. E o Vitorino Coragem, para a fotografia, sempre rara. Do Eduardo e do João havia visto uma encenação, da qual muito gostei, de “A Vida É Sonho”. E com o Manuel Coelho trabalhei em “Condomínio da Rua”, para o Teatro Nacional Dona Maria II, peça encenada por João Mota, que reencontro agora nos corredores do teatro.
“Mundo Distante” é sobre um pai e um filho que pouco conviveram durante anos e agora partilham o mesmo território. É sobre uma dança sempre imprevisível entre tentativas de aproximação e manifestações de ressentimentos mal arrumados. É sobre o afastamento e a possibilidade de as palavras ajudarem à sintonia de quem se distanciou pelo silêncio.
Escusado dizer que gostava muito que visitassem este universo.
Aqui fica a ficha técnica:
Autor: Nuno Costa Santos.
Encenação e versão cénica: João Rosa.
Intérpretes: Eduardo Frazão e Manuel Coelho (actor cedido gentilmente pelo TNDMII) .
Letras Slam Poetry: Pedro FM da Silva.
Desenho de luz: João Rosa.
Fotografia de cena: Vitorino Coragem.
Música para slam poetry: Gui Garrido.
Produção: Oficinas Teatro Lisboa.
Informações/reservas: geral@oficinasteatrolisboa.com
Tel: 93 451 24 18
Em cena até 26 de Novembro. De quarta a sábado, às 21h30, e domingos às 16h30.
Amanhã, às 17h30, vou estar em Campolide para falar do meu novo livro - e da minha relação com a freguesia e com o bairro, sobre o qual escrevi vários textos (além de lá ter gravado, com uma data de gente decisiva, uma série do melancómico).
Não sei já viu a série Fátima – Caminhos da Alma, a passar neste momento na RTP, em cinco episódios. Se não viu, aconselho que se junte à caminhada de 11 mulheres que partiram de Vinhais, Trás-os-Montes, em direcção ao santuário.
O que se vê e se ouve? Pessoas a cumprir promessas na estrada, ao longo de nove dias e 400 km. O seu rasto biográfico. As maneiras de ser de cada uma delas – da sofrida à desbocada. Pouco? Muitíssimo. Estas mulheres – representadas por actrizes como Rita Blanco, Anabela Moreira, Cleia Almeida e Márcia Breia – espelham, com profana espontaneidade, uma certa maneira de ser portuguesa. E é aqui que João Canijo, o realizador do filme Fátima e desta série, que daí parte, consegue, através do trabalho com as actrizes, que muito jogam de si no improviso, fazer em Portugal aquilo que um Fellini, aqui lembrado a semana passada, fez em território italiano: fazer-nos comover e dançar com o grotesco, homenageando as nossas vidas imperfeitas.
Mais aqui.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.