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Num grupo muito diverso de agentes, de actores profissionais e amadores a programadores e escritores, há quem prefira celebrar a fantasia pura e primordial do teatro como há quem se concentre num discurso mais analítico, definindo conceitos, criticando apostas, exigindo outra atenção por parte do público e dos poderes. E há quem conte tão só a sua história da sua aproximação à arte. Cada um diz o que quer e o que lhe apetece. É o que se faz num dia de festa e celebração. Aqui.
Gostei muito de conversar com o Pedro Miguel Silva numa tarde de céu nublado. Quem gosta de My Bloody tem sempre guarida cá em casa.
A entrevista, a propósito do romance, está aqui.
Escolhas livres feitas por poetas das mais diferentes vocações e dos mais variados apetites. Cada instinto perseguiu um registo. Há quem, na sua escolha, pretenda fixar em arquitectura literária superior a fugacidade da vida, há quem, também se fixando nesse desgaste, aproveite para a festejar (Ferreira Gullar, evocado pelo brasileiro Antonio Cicero), há quem se sinta confrontado por um poema-soco ou por um poema que, para falar de amor, traz a sombra da morte. Ou ainda por um poema que despoja o homem de pulsões que o diminuem.
São também convocados poemas (como o de Lawrence Ferlinghetti, escolhido por Tiago Gomes) que celebram o gosto perigoso em viver e outros que também relevam os aspectos técnicos – aqueles que, se bem cozinhados, conseguem criar a emoção poética que só a grande arte consegue atingir. E, aqui e ali, emerge a ironia, estratégia de sobrevivência de uma poesia que, se tremendamente grave, poderia parecer escusada.
Num poema de António Amaral Tavares, autor recém-descoberto por Renata Correia Botelho, diz-se: “Doutor há muito pouco tempo para a poesia”. Podemos vir com a conversa de circunstância, habitual nos salões e nas redes sociais: todos os dias são dias para a poesia. Não são, até porque há dias em que é preciso ir pagar o IRS. E por isso, já que existe um dia só consagrado ao género, que o aproveitemos para lermos e dizermos poemas, para celebrar a poesia como serena partilha, numa comunidade diversa.
Começo por praticar o síndroma “eu ainda tive a oportunidade”. Aquele que se manifesta quando uma figura pública morre e é altura de a celebrar nas redes sociais. Tudo o que vem à rede é peixe. Famoso, de preferência. Também posso clamar ao mundo: eu ainda tive a oportunidade de conhecer o Nicolau Breyner. Agora que penso melhor, já tinha estado com ele noutra altura. Mas há meses é que falámos, no momento da gravação de um dos episódios do programa “Treze”, da RTP1.
Tivemos conversa breve, antes da filmagem. Falou-se do jogo do Benfica que havia terminado e depois, uns minutos a seguir, antes de entrarmos em campo, Nicolau lamentou o facto de hoje os estúdios de televisão estarem esvaziados de técnicos, de pessoas. “Daqui a nada só está uma câmara a filmar”. Uma frieza na qual não se reconhecia. O seu mundo televisivo era outro e enchia os estúdios de risos que incentivavam o actor a tentar piadas ainda melhores. “Os câmaras são o nosso primeiro público”, disse. Todo o humorista que faz televisão sabe que é assim.
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Troquei dois dedos de conversa com Javier Cercas e li dois livros dele.
“Os romances partem de perguntas para as quais não há uma resposta clara”. A frase é de Javier Cercas, nascido em 1962 em Cáceres, autor de obras como A Velocidade da Luz (Asa, 2006) e Anatomia de um Instante (Dom Quixote, 2011) e é dita numa pausa do encontro literário que lhe atribuiu um prémio por uma obra que publicou em Portugal há dois anos. Cercas, embalado pela felicidade de um reconhecimento que lhe pode trazer mais leitores, fala dos seus dois últimos livros editados cá.
No último dia, durante o momento da entrega do prémio, referiu-se à circunstância de ter nascido muito perto da fronteira com Portugal, na região da Extremadura. Havia obras portuguesas nas bibliotecas familiares como as dos mais óbvios Fernando Pessoa e Eça de Queirós e do menos óbvio Mário Cesariny.
Revisitemos os seus dois livros mais recentes editados em Portugal. O Impostor, lançado em Outubro do ano passado, ainda é mais conseguido do que o que motivou a distinção. Pela sua originalidade e força, permitindo, através dos malabarismos de uma persona, fazer refletir a História de um país em tema mais do que delicado.
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