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Realizador de aterragem

por Nuno Costa Santos, em 25.01.16

Há uma nova espécie no pedaço: os que filmam aterragens com o telemóvel. Estacionam junto ao aeroporto, atrás da vedação, para captar o instante em que a máquina que atravessa os céus pousa no terreno. O que querem? Registar o manso voo do pássaro quando se aproxima do ninho? Não, isso não traz história. O realizador de aterragem quer tragédia para postar no YouTube. Quanto mais vento e tempestade, melhor – mais possibilidade há de produzir a curta-metragem perfeita e obter o maior número de likes.

Em muitos de nós há um realizador de aterragem, alguém que narra num grupo de amigos, com certo prazer no timbre vocal, uma desgraça que editou mentalmente. Mas agora a vocação arranjou novos coretos onde se exibir. Faz parte da sociedade das partilhas em que nos afundamos com uma caipirinha estragada na mão. O Orson Welles de aeroporto, mal tem a obra-prima, manda o vídeo para as internetes em busca de miminho. Também o envia para as televisões (hoje parece haver uma rubrica diária sobre o assunto). Ganha, no café, o prazer do reconhecimento e os telespectadores ficam felizes por nunca lhes ter acontecido aquilo e com grada miaúfa da excursão do dia seguinte.

 

Mais aqui.

 

 

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publicado às 21:57

Entrar na pista de dança de olhos fechados

por Nuno Costa Santos, em 21.01.16

 

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publicado às 23:54

...

por Nuno Costa Santos, em 18.01.16

 

 

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publicado às 22:58

Duplo

por Nuno Costa Santos, em 17.01.16

duplo.jpg

 

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publicado às 21:34

Os Livros do Desassossego

por Nuno Costa Santos, em 13.01.16

Karl Ove Knausgård tem um projecto literário tão perigoso e polémico como autista perante as suas consequências.  Pode fazer-se algo parecido num país recatado como o nosso? Tentei procurar respostas neste artigo que confeccionei para o Observador.

 

karl.jpg

 

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publicado às 00:27

Bluebird

por Nuno Costa Santos, em 12.01.16

Ao contrário de muitos unanimismos ocos no aplauso para uma figura que morreu, no caso de Bowie sente-se que há autenticidade no lamento e na celebração. Ele de facto tocou muita gente, até porque teve muitos registos, dos mais cantaroláveis aos mais misteriosos-obscuros. A comoção generalizada é genuína e põe um travão momentâneo na cada vez mais acelerada viagem universal para o planeta do cinismo. Bowie foi o anti-cínico. Aquele que acreditou e que fez. Que disse numa entrevista que amava a vida, sem medo de usar as palavras amar e vida. Numa das músicas deste último álbum, aquela que tem sido chamada de canção-testamento, canta que será livre como um pássaro azul (fazendo lembrar, como se refere neste artigo, um conhecido poema de Bukowski). Volta, num momento-limite, a não ter receio de ser destemidamente poético e de, com isso, passar por ingénuo e sonhador. Mais palmas para ele.

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publicado às 18:36

Homo saldus

por Nuno Costa Santos, em 12.01.16

No outro dia vivi uma jihad privada: a jihad dos saldos. Aconteceu no parque de estacionamento do centro comercial Colombo, esse território ocupado. Havia fila de automóveis. Cada um dos automobilistas, salivando por varrer as lojas dos produtos em exposição, perseguia um recanto para arrumar a carripana. Era um deles.

Quando finalmente consegui estacionar fui mandado sair por uma família aos gritos – eu que também estava com a família dentro do carro. Que eles estavam há mais tempo à espera, que eu não podia entrar por aquele lado, que isto e aquilo. Era uma mulher que gritava, secundada pelos seus filhos em início de adolescência. Quanto ouvi a excitada gritaria decidi que iria permanecer. Quanto mais me chegavam os berros mais certeza ganhava de que tinha de ali ficar. Quem sabe para sempre.

O resto aqui.

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publicado às 00:25

Os Nomes dos Terroristas

por Nuno Costa Santos, em 04.01.16

Há 10 anos, ensurdecido, como tantos, pelo ruído da informação, tinha um sentimento claro: o de que não estava aqui para saber o nome dos terroristas. Na altura era a Al-Qaeda que enchia os noticiários com os nomes daqueles que se explodiam em nome da sua fé. Pensava, enquanto fazia zapping pelas notícias: não quero saber como se chamam aqueles que distribuem o terror pelos noticiários, impedindo-nos de espreitar pela janela as tonalidades de verde do jardim em frente. Preferia saber o nome dos pássaros, o nome das flores da infância dos meus pais.

Passados 10 anos, permanece esse sentimento. Há novos nomes de terroristas nos noticiários, fazem parte de outro grupo que vive da festa do sangue. E sinto de novo o que senti: não quero viver rodeado do terror que nos chega em bandejas cheias de nomes. Aquele terror inimigo da poesia, das pequenas coisas que dão sentido a isto de andar por aqui até o coração pedir reforma (e às vezes, sabemos, acontece mais cedo).

 

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publicado às 12:03


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