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O disco começa bravamente com um cheirinho a The Bravery. Com um daqueles temas-corrida que vai fazer as salas vir abaixo e toda a gente fazer, mais do que air guitar, air drum. Vai passar nas rádios merecidamente. Miguel Ribeiro está seguro, orgânico e natural na vocalização do inglês. O segundo tema tem qualquer coisa de Duran Duran (é um elogio). A produção começa a mostrar o seu virtuosismo. A distorção das vozes funciona na batata. Talvez um dos melhores temas do disco pela originalidade, pela estranheza. "You & Me" é uma canção muito bem desenhada, com uma guitarra-rouxinol a aparecer na altura certa.
Há qualquer coisa de U2 ("Songs of Innocence"). "Hollow Head" é a canção mais serenamente épica. Tem uma melodia feita com a "little help" da instrumentação e da voz e é capaz de comover um ex-funcionário da Regisconta. "Heaven", com uma entrada à Joy Division (percussão), cheira a Cure na guitarra (nota-se que é uma homenagem). Palmas para as teclas. Melodia francamente feliz. É um dos temas fortes, que, como se diz nas esquinas, vai pegar. Quando entra o refrão, Ribeiro está em casa, organicamente seguro, assertivo na emoção. Sente-se o virtuosismo da produção nas camadas, nos pormenores. Sou fã de "Última Ceia", o único tema em português (com uma voz transformada). Lembrei-me dos Ban mas pode ser apenas ser nostalgia. A certa altura a música abre-se como uma flor sincera. É inspiradora. As rádios estão à espera disto. E temos balada com "Under The Rain" e uma letra meteorologicamente amorosa. Matéria para dança de garagem com vassoura e tudo (o costume devia ser recuperado). Miguel Ribeiro mostra o virtuosismo da sua voz, as suas modulações, mas sem exageros espúrios. "Please Come Home". Que bom. Baladucha de crooner de bar com Jim Reid e Stephin Merritt a tomarem uma pint ao balcão. "Lost and Found" é um regresso, esse sim, mui assumido ao som cureano. Mas só na instrumentação~estilo "Pictures of You". A cantoria nada tem a ver.
"I´m so tired now", canta-se a dado passo, preparando o aviso de aeroporto "Lost And Found". Espera aí. Cai-nos em cima, sem que estamos à espera, "Lonely People", nada deprimente, diga-se. Que boa guitarrinha, que boa produção (psicadélica), que bom modo de cantar. Mais um tema para concerto. Aqui é a guitarra que domina sempre cruzada por umas teclas espaciais. A dado momento, sem sabermos bem como, estamos a ouvir uma canção rock'n'roll. Sacanas. Há mais rockada logo a seguir com "Turkish Delight", quase a roçar o hard rock. Matéria mais mainstream com uns arranjos turcos lá pelo meio (os Kula Shaker aprovariam na boa). "Corno de Bico" é para dançar nas danceterias com bola de espelhos. A voz feminina do grupo é mestre de cerimónias, qual vocalista dos Savages que recebe a ser altura uma caixa de bombons, enquanto os Kraftwerk fazem crochê a um canto (já têm idade para isso). Aproveita-se e bem para fazer os sintetizadores brincarem à vontade como crianças ao livre.
Ao segundo disco os The Happy Mess estão mais imaturos. Ou seja: brincam mais. Arriscam mais. Experimentam mais. Estão mais desafiadores. Mandam-se para novos terraços. Surpreendem mais. É um motivo de festa.
Tiraram uma fotografia ao melancómico em Óbidos, numa feira de variedades literárias que agora há lá.
O programa melancómico regressou, agora na RTP 3, depois de um período de hibernação - e aqui fica o primeiro episódio, espécie de BI deste regresso.
O homem dos sacos de plástico continua a deambular, filosofando em silêncio. Escrevendo as suas frases seja no seu bloco seja no seu smartphone (com o qual não sabe trabalhar bem). E a dançar, claro, seja na retrosaria seja na repartição de finanças. Conta agora com a cumplicidade de João Cunha (também conhecido, noutras andanças, como O Humorista), amigo com quem pode desabafar as suas inquietações.
A produção é da Shadowplay, do Ricardo Clara Couto. A realização é do Carlos Madaleno. A produção, sempre comandada pela Mónica Reis de Castro, tem a mão da Patrícia Ganhão e da Márcia Pedroso. A pós-produção áudio é do Jorge Cabanelas. O design é do Henrique Cruz e a gestão da página de facebook é da Márcia Pedroso. O genérico é dos Daltonic Brothers, Uma melancómica família, portantos.
A banda sonora do programa, cuja primeira edição passou no canal Q, vai oscilando entre os temas de piano da autoria de Nelson do Nascimento e algumas canções de PZ como “Neura”, “Auto-Estima” e “Mundo” (e ainda vai haver uma boa novidade).
Daqui a dois minutos passa o segundo episódio, que trata de uma mudança fundamental na vida do personagem e dos seus pensativos e dançantes sacos de plástico.
(Para ver é carregar no rectângulo que diz "Watch on Vimeo")
Não tenho visto a novela. O enredo tornou-se umas vezes cansativo, outras inverosímil. Quando chegar ao fim, avisem, por favor. Talvez na segunda temporada ganhe mais interesse.
1. André Lourenço e Silva, o inesperado deputado do PAN, é, segundo se sabe, vegetariano. Teve azar, o rapaz. Chegou à política num momento canibal. Sabemos que isto anda assim: quem conseguir comer o outro fica com o lugar.
2. Ainda falando do PAN (é a obsessão da semana). Começa a colher junto dos tribunais portugueses a convicção de que os pais não devem publicar fotos dos seus filhos nas redes sociais porque estes não são seres à sua inteira disposição. Pergunto: com o partido dos animais, o mesmo vai acontecer agora com os gatos? É que, se for assim, metade do Facebook deixa de existir.
Uma das melhores formas de medir a temperatura de um espectáculo é olhar para a equipa técnica. Em vez de olhar só para o palco, olhar também aqueles que, discretamente, fazem com que o espectáculo aconteça. Ontem aconteceu estar sentado em frente à equipa técnica do primeiro show de Gregório Duvivier em Portugal - uma equipa tão técnica como criativa, sim. E a cada piada, a cada história, a cada movimento do artista em palco, os homens que comandavam luzes e som reagiam com festa. Como se fosse a primeira vez que estivessem a ver “Uma Noita na Lua”. Riam, gritavam, assobiavam, festejavam entre si quando o espectáculo começou a agarrar o público pelos colarinhos e pelo coração. Lá ao fundo estava Duvivier, rápido, comovido, genial, fazendo o seu sapateado narrativo dentro de um rigoroso e surpreendente jogo de iluminação. A dança deste show faz-se sempre naquela pista de humor e melancolia que muitos pisamos sem dar por isso. É aí que a personagem conta na primeira pessoa a história de alguém encurralado entre a obrigação de escrever e a fala amorosa com uma Berenice que o abandonou. "Um homem em cima de um palco pensando” perante um público que se juntou aos comandantes na sombra numa agradecida ovação.
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