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Trabalha numa mercearia que abriu aqui na rua há uns meses. Veio da Índia, já viveu na Noruega e tem estacionado em Portugal, distribuindo o seu esforço diário por duas lojas em Lisboa. Uma vez, numa conversa, perguntou-me quais são as equipas mais importantes do futebol português. Depois contou -me que o seu futebol é o críquete. É esse o desporto que lhe motiva a paixão e um riso que lhe deixa à mostra uns dentes muito brancos. Apesar de ter nascido no Punjab, torce pelo Mumbai. Desde o momento da revelação, vai-me falando do percurso da equipa, dos jogos, das finais. Também me conta de como vão correndo as partidas da selecção indiana, que acompanha pela Internet.
É bom saber das ocorrências de uma modalidade alternativa ao futebol caseiro das manchetes e das intifadas de corredor e de café. Apetece seguir as pisadas do Mumbai, chegar à mercearia com a camisa oficial do clube e estender em cima da mesa as informações que agora trago no bolso: o críquete chegou cá durante a Guerra Peninsular, através das tropas inglesas, pratica-se oficialmente num campo no Cartaxo e é jogado todos os dias, aos finais de tarde, por imigrantes do Bangladesh e do Paquistão, no Largo do Martim Moniz. Diz que até já existe um clube de críquete na Mouraria. Aceitará novos sócios?
(Publicado na revista Sábado)
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