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Quando um cínico morre, morre pela segunda vez.
Incompatibilizei-me com a minha balança. Ela não me dá razão.
O português é um condutor hiperactivo na estrada e um peão em câmara lenta na passadeira.
Para aqueles que querem ter um Verão livre: “Queria propor-te uma ‘saída temporária’ da relação”.
Sobre a “saída temporária” do Euro. Lembra-me aquelas pessoas que antes das férias (por volta de Junho/Julho) terminam as relações. Alegam que precisam de espaço e de tempo. Lá para Setembro voltam a reatar a relação suspensa. Bateu assim uma saudade, uma necessidade.
Os homens não choram. Mas os jogadores de futebol sim.
Ele gozava comigo na escola. Não nos conhecíamos sequer. Um dia fartei-me e atirei-lhe, de longe, uma pedra. A pedra atingiu-lhe a cabeça. Lembro de verificar com a mão se tinha sangue na cabeça. Tinha algum. Não me atirou pedra nenhuma de volta. Esqueceu-se de mim. Entrou na casa de banho para limpar o sangue. Acompanhei-o. Penso que não falámos. Mais tarde, soube que morreu, ainda pré-adolescente, de uma doença rara. Não sei por que é que me lembro dele agora.
Quando alguém, a propósito de um acontecimento cultural lisboeta, me diz que "meia Lisboa estava lá" saco logo de uma pistola (de plástico mas ainda assim uma pistola). É frequente também ouvir a frase: "Lisboa inteira estava lá." Mas de que Lisboa se está a falar? Da Lisboa das senhoritas e dos cavalheiros que a pessoa que diz que "Lisboa inteira estava lá" conhece? Temo que sim. É aborrecido.
O drama estende-se pelo território. Por mais que um suposto "meio cultural" assim pense, o Porto, Guimarães, Loulé e o Funchal não se esgotam num agrupamento uniforme de pessoas "muito esclarecidas" com gostos semelhantes, com consensos à porta das salas e os mesmos consensos à saída – e não há nada mais supremamente irritante do que unanimismos em relação a gestos artísticos. Sentenças em geral ditadas pelos mestres do comité de aprovação e desaprovação dos assuntos do espírito e depois repetidas nos corredores. Lamentamos. A festa abriu-se a mais convivas.
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Tsipras é o homem mais só do mundo. Um homem que chegou ao poder (já de si a mais solitária das condições) e foi encurralado entre as imposições de Merkel e as exigências do seu partido. Quem lhe restará para o desabafo? Poucos. Não certamente o homem que lhe serve o café pela manhã. O seu rosto pouco diz do que sente. Mas uma solidão (infinita e invisível) ninguém lhe tira. O homem que sonhou com uma Grécia em crescimento – e quero ainda crer que é possível – vai enfrentar uma greve daqueles que o aclamaram. Um homem só, no seu gabinete, encurralado por todos os lados, sem agradar ninguém. Tsipras, o sem gravata, foi obrigado por Merkel e companhia a usar uma. E mais. A apertar a gravata até a um limite que, se as piores previsões se confirmarem, asfixiará o país que ainda dirige.
Antes havia pouco turismo em Portugal e havia queixas. Agora há turismo em Portugal e há queixas. Porquê? Porque os turistas não são do agrado. Porque são muitos. Porque são inconvenientes. Porque usam sandálias. Porque falam. Porque respiram. Eis uma nova categoria pessoal dos nossos dias: aqueles que querem escolher os turistas que encontram nas esplanadas.
Meus queridos, turista não se escolhe. Querer escolher turista é tão razoável como querer escolher as nuvens que nos aparecem no céu. A intensidade da brisa ao fim da tarde. É uma chatice isto da democratização das viagens. Pode até favorecer as economias mais necessitadas mas não manda vir só o turista que usa cachimbo e cita Yeats enquanto pede o abatanado. Traz aquele turista que mais parece o primo rasta que falha todos os jantares de Natal. Desagradável.
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