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Descobri que “Finding Vivian Maier”, de John Maloof e Charlie Siskel, está na corrida aos Óscares na categoria documentário. A fotógrafa que nenhuma glória gozou em vida segue agora para o desfile de selfies de Hollywood.
Deste filme construído em modo narrativo-detectivesco ficam as fotos de rostos de homens e mulheres na cidade (Nova Iorque e Chicago), de velhos, de crianças, de seres humanos, solitários como todos os seres humanos, que nas lentes da sua máquina encontravam um abrigo próximo e duradouro. Muitos farão fotografia de rua. Poucos conseguem captar o coração das pessoas. Vivian Maier (n.1926) conseguia-o.
Fica a personalidade da própria fotógrafa em modo enigmática babysitter com sotaque francês que se apresentava ironicamente como sendo uma espécie de espia, o mistério sobre o que seria o seu passado de relações familiares – vindas de uma França rural - e afectivas, sobre a sua paixão por crianças e o modo bizarro como lidava com algumas. O desamparo em que se foi sumindo dos dias.
E, claro, o gesto do generoso rapaz John Maloof, artista à procura de inspirações, fundamental para uma artista maior sem família ou amigos que a ajudassem. Resgatou tudo o que era trabalho dela (começou por comprar uma caixa com 40 mil negativos numa leiloeira por 276 euros) e projectou-a junto de especialistas e dos públicos, tornando-a equiparável a artistas como Diane Airbus e Cartier-Bresson. Maloof foi o anjo que lhe faltou em vida.
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