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Os falhanços são os bloopers da vida real.
É fundamental ter os pés bem assentes no céu.
Às vezes topo que se leva a crónica demasiado à letra. Os melhores cronistas são grandes provocadores. De um grande cronista não quero que a sensatez seja servida numa bandeja a uma temperatura média. Quero a sensatez que se esconde numa provocação, num exagero, numa formulação injustamente acertada.
Desculpem o atrevimento: este fim-de-semana fui feliz em Portugal. Aconteceu no jardim da Gulbenkian com actividades lúdicas para todos a 1 euro (fui com os meus filhos pedir desejos verbais e gráficos para o jardim) e em duas festas de anos de filhos de amigos, celebradas em dois parques da cidade de Lisboa. Crianças a brincar à vontade ao ar livre. Famílias de diferentes hábitos, raças e tradições em festejos próprios. Um sol generoso e cusco, que espreitava a felicidade por entre a folhagem. Ontem vivi o melhor do meu país. Uma pessoa fica mal habituada: para a semana quero repetir.
"Ninguém respeita os bons, só os maus é que contam". Ouvi no outro dia uma funcionária da limpeza dizer esta frase junto ao balcão de um café de centro comercial. Tocou no ponto. Um dos males maiores disto é o facto de ninguém respeitar os "bons". Não falo dos "bonzinhos", como notava no outro dia um amigo generoso e desiludido. Os "bons" são aqueles que, sendo capazes de gestos rasteiros, fazem o esforço de tentar gestos de empatia para com os outros. Ou pelo menos procuram não os prejudicar. Experimentam por um segundo democratizar o ego, como se isso fosse mesmo possível. Esses não são respeitados, lembrados, considerados, como sublinhou aquela mulher num centro comercial vazio e desistente.
Há a crítica demolidora, há a crítica deslumbrada e a crítica assassina: a que dá três estrelas.
Começamos por agradecer aos automobilistas que nos deixem atravessar na passadeira. A seguir vamos mandar-lhes flores, condecorá-los e deixar-lhes a herança.
"A minha mãe foi operada às cataratas. Durante anos sentiu-se oprimida pela obscuridade. Agora as cores espantam-na.
- Os olhos do teu pai são novamente azuis (...)".
Bruce Chatwin, "O Que Faço eu Aqui?"
As generalizações são necessárias para que as pessoas descubram elas próprias as excepções.
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