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Sou meio

por Nuno Costa Santos, em 31.05.13

As pessoas de direita acham que sou de esquerda. As pessoas de esquerda acham que sou de direita. As pessoas que são magras acham que sou gordo. As pessoas que são gordas acham que sou magro. As pessoas do humor acham que sou da poesia. As pessoas da poesia acham que sou do humor. 

 

(em actualização)

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publicado às 20:01

Nada menos que isto

por Nuno Costa Santos, em 30.05.13

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publicado às 22:40

Entrevista com o marginal

por Nuno Costa Santos, em 30.05.13

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publicado às 18:40

Santos Cogumelos

por Nuno Costa Santos, em 30.05.13

 

 

 

E se a nossa vida dependesse não dessa entidade abstracta chamada mercados mas da feira (a da ladra, sim), concreta, caótica e portuguesa e comandada não por anónimos nerds  mas por pessoas com suor no rosto que duas vezes por semana pegam ao serviço às cinco da manhã? Foi a pergunta sem resposta que me fiz enquanto assistia à agitação de sábado desse território lisboeta habitado por figuras que espreitam bugigangas, revolvem montes com roupas de marca em modo pechincha ou passeiam a sua normal extravagância pelo espaço.

 

O meu posto de observação era do best: estava estacionado em lugar elevado, no novíssimo restaurante Santa Clara dos Cogumelos, assistindo como um deus cusco a todos os enredos daquela novela de pequeno comércio. Com tanta atenção que, quando terminei a fabulosa tarefa do repasto, aproximei-me da montanha de trapos e perguntei quanto é que custava um casaco de mágico vermelho experimentado por uma exército de pessoas muito mariquinhas que não teve coragem de o levar para casa. Cinco euritos apenas. Eu também fui mariquinhas.

 

Foi como assitir à novela na sala com um tabuleiro em cima das pernas. Só que desta vez o tabuleiro trazia os melhores petiscos que se podem imaginar. Todos feitos com cogumelos e aconselháveis mesmo aos não fãs de cogumelos. Primeiro o couvert: cesto com bom pão tostado, que dispensou manteiga ou quejandos (ou queijandos) e foi, como é uso dizer-se, mais do que suficiente. As possibilidades do repasto eram: sete petiscos, duas sopas e dois pratos. Os petiscos escolhidos foram um ovo escalfado sobre cogumelos e espargos (the perfect egg), a €6, e  cogumelos gratinados (portobello recheado com legumes e gorgonzola), a €5. Já nos nos pratos apontou-se o indicador para um risotto santa clara (com boletus edulis e trompeta da morte), a €11,00. Entre os primeiros destaca-se o ovo, que vem sobre uma camada de cogumelos picadinhos e perfumados. Merece pontuação máxima por ser magnífico. O risotto é bastante cremoso e, para além da presença no paladar dos cogumelos, o sabor é enriquecido com pedacinhos de noz e casca de laranja.

 

A sobremesa, ah a sobremesa. Arrisco-me a dizer que foi o melhor da festa. Uma paixão de Santa Clara a preço de saldo para os sabores que contém (€5): uma bola de gelado de cogumelos, surpreendente e delicioso, em cima de um brownie de cholocate. O serviço, esse, é impecável. Alegre, espontâneo, feirante. É para voltar várias vezes.

 

Santa Clara dos Cogumelos, Mercado de Santa Clara, 7, 1100-472 Lisboa, tel: 91 304 33 02

Preço Médio:17.50 euros. 

Nota: 90%


(publicado na revista "Tentações", da Sábado)

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publicado às 18:26

A Desconfiar

por Nuno Costa Santos, em 30.05.13

Muitas pessoas partem com desconfiança para as coisas que vou fazendo: os livros, as peças de teatro, os documentários. Algumas, depois, confessam-se conquistadas. Baseio-me no que me vão dizendo. "Confesso que entrei de pé atrás mas depois gostei"- já ouvi esta frase algumas vezes, vinda de pessoas de diferentes gerações. Pergunto: de onde vem essa desconfiança? Daquilo que fiz antes? Ou da profusão de registos - da circunstância de arriscar géneros diferentes? Essa desconfiança pode vir também de por vezes pegar em "figuras" - e, segundo o cânone vigente, é preciso ter muito cuidado na forma como se pega nessas "figuras". De cruzar Brel com uma ilha do meio do Atlântico, de escrever sobre o difícil tema dos sem-abrigo, de anunciar que troquei a escrita de uma biografia clássica por uma crónica biográfica? Se calhar inventei um género: "Arte que Merece a Nossa Desconfiança", uma nova prateleira, uma indicação para vir nos bilhetes.

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publicado às 18:03

Daniel de Sá e a sua Ilha

por Nuno Costa Santos, em 27.05.13

Morreu Daniel de Sá, escritor. Vivia na Maia, em São Miguel. Era um escritor do seu povo, como uma vez ouvi Clara Ferreira Alves dizer de José Cardoso Pires. Pires era - ou tornara-se - de Lisboa e escrevia em primeiro lugar sobre a Lisboa (e o Portugal, continental) que conhecia. Sá era açoriano, de uma freguesia rural, e um dos seus romances mais conhecidos é "Ilha Grande Fechada", história de um homem que dá a volta à São Miguel numa romaria e que é todo um tratado ficcional sobre uma determinada geração de açorianos, na sua relação com a religião e a religiosidade, o "outro lado" - neste caso, o Canadá -, a guerra colonial, a relação com a pátria. Não falta também a esse romance uma crónica de costumes sobre a desigualdade social, o conservadorismo da terra e a cusquice das comadres, típica dos meios pequenos, ainda mais pequenos pelo isolamento. E é um contributo literário,  feito com agudeza e sensibilidade, para a pesquisa do que é ser humano - nas suas sombras, tentações e possibilidades.

 

 

 

 

"Ilha Grande Fechada", que é melhor quando vive de uma prosa simples, com leveza e ritmo, tem um início maior, com uma frase que define uma certa condição açoriana, sobretudo nas décadas de maior pobreza: "Uma ilha grande, fechada, que durante muito tempo só se abriu para deixar sair gente". Outras boas frases que ficam  - e é também delas e da forma feliz como exprimem uma ideia ou um sentimento que se fazem os melhores romances e os escritores que merecem o qualificativo.


"(...) o tempo do carrossel gritara desesperadamente a última corrida da noite, como se dessa ilusão de movimento dependesse a felicidade do mundo (...)".

 

" (...) Nas ruas por onde passara a procissão, as hortênsias não varridas iam morrendo em sossego (...)".

 

 "(...) o seu zelo de mãe não se vergava às liberdades do amor (...)"

 

 "(...) Eram ondas de baixa-mar os argumentos de Irene (...)".

 

 E há, claro está, aquela sentença que com força e verdade define o que é ser ilhéu:

 

"(...) Sair da ilha é a pior maneira de ficar nela! (...)".

 

Os títulos de cada um dos capítulos são títulos de ficções importantes de outros escritores da terra, seus companheiros e cúmplices. O romance também é uma homenagem à literatura que se escreve nos Açores e no "planeta açoriano", como a de José Martins Garcia, João de Melo, Onésimo Almeida, Eduardo Bettencourt Pinto e Cristóvão de Aguiar. 

 

Foi-se um autor e um homem capaz de generosidade.  

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publicado às 19:13

Inspiral

por Nuno Costa Santos, em 23.05.13

 

 

Não vou andar aqui a fingir: ouvi  com maior (adolescente) devoção Inspiral Carpets, banda do catálogo madchesteriano, do que Doors. E por isso, numa altura em que morre Manzarek, lembro-me dos Inspiral e do seu teclista - tal como Ray, dado às contagiantes artes do Hammond. Sem Doors não havia Inspiral Carpets. Sem Manzarek não havia Clint Boon. Obrigado, mate.

 

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publicado às 09:56

Supresa

por Nuno Costa Santos, em 21.05.13

Tinha a Faculdade de Direito (até porque lá andei com uma melancolia tremenda) como uma instituição auto-centrada, desligada da realidade, com dificuldade em reconhecer títulos académicos fora do seu território e outras disciplinas que não as jurídicas. Agora percebo que não - percebo que há nalguns dos seus departamentos gente que pensa o país, que convoca figuras de várias áreas, que se preocupa em formar cidadãos e não apenas técnicos. 

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publicado às 10:22

A Dona Genoveva propõe

por Nuno Costa Santos, em 21.05.13

E se o Papa viesse cá tirar a austeridade ao jovem Passos?

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publicado às 10:18

Nota contra a aldrabice

por Nuno Costa Santos, em 20.05.13

Textos novos, textos usados, textos que já foram crónicas televisivas, crónicas televisivas que já foram textos, crónicas de rádio que já foram crónicas televisivas, textos da net que já foram textos de livro, textos de livro que já foram conversas no café, conversas no café que já foram conversas no restaurante, conversas no restaurante que já foram conversas em casa, conversas em casa que já foram conversas no sono. Este blogue é uma perigosa mixalhada. 

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publicado às 21:20

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