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Admito que não tenho problemas, como pai, com os youtubers lusos. Até, em tempos, escrevinhei uma prosa amável sobre o fenómeno. E já fui a um encontro no Coliseu com a rapaziada. São, de certo modo, os cronistas da nova geração. Quanto aos conselhos para não obedecerem aos pais, fazem-me lembrar aquele álbum do Fachada, o “É Pra Meninos”, exercício lúdico de inverter todas as normas que regulam uma casa hierarquizada. Se os meus filhos não me obedecem sei que isso não se deve aos youtubers, até porque topo que, secretamente, os relativizam, que se riem com eles mas também deles, que não levam à letra as conversas que apelam a qualquer tipo de revolução francesa doméstica. Portanto, se algum diz me virem com a cabeça cortada não culpem os youtubers, as suas bocas e figuras de estilo. Culpem um charcuteiro que foi lá a casa fazer um servicinho que acabou mal. O que me perturba mais nos youtubers não são os apartes de "bad boy". É a obsessão com as audiências, é o olhar o mundo como um campeonato de visualizações, é a desvalorização de gestos criativos minoritários. É sobre isso que um dia quero ter uma conversa com os meus filhos.
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