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"O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons." A frase, sabem, é de Martin Luther King. O meu filho mais velho fez um trabalho escolar sobre a figura e voltei a cruzar-me com o desabafo. Combina bem com estes dias em que gestos de bullying têm circulado nas televisões e na Internet.
A gente percebe o que King quis dizer. "Bons" é uma forma de chamar quem, sendo ocasionalmente capaz do pior, não inflige sucessivos actos de barbárie. Não é o santo. É o que assiste a injustiças evidentes. E que, no caso, nada faz para as contrariar.
São frases como esta que me levam a pensar que todos os gestos de violência escolar não devem ser relativizados com argumentos do tipo "antigamente também havia crueldade no liceu e uma pessoa tinha de se safar". Se havia crueldade no liceu não devia ter sido secreta. Nenhuma crueldade deve ser clandestina
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Sobre este mesmo assunto, encontrei um excelente texto de Cristina Nobre Soares, no blogue Em Linha Recta. Com uma coragem exemplar, recorda um momento em que, aos 10 anos, viu alguém ser humilhado na escola e nada fez. Aconteceu-nos a todos. "Tive medo. Mas de mim. Que é o pior medo que podemos ter." Não é o pior dos medos, não. Devíamos, aliás, senti-lo mais vezes. Para o derrubar a seguir. E gritar aquilo que nunca deve ficar em silêncio.
(Publicado na revista Sábado)
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