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Vai acontecendo. Sigo de Campolide até ao centro comercial das Amoreiras. Em cinco minutos passo do sossego do bairro ao arraial de sofisticação. Dos reformados a jogar às cartas sem dizer uma palavra aos executivos que se passeiam à conversa. Das queixas ao balcão por causa do lixo nas ruas aos desejos de novas viagens. Dos pastéis de bacalhau ao Go Natural. Do Correio da Manhã à Monocle. Dos indianos das lojas de telemóveis aos funcionários fardados em corredores de novas tecnologias. Do bêbado que dorme na paragem de autocarro à mulher que bebe um sumo light de laranja e cenoura. Dos polos de feira arrumados num saco de plástico preto às camisas da Labrador em cuidadas montras. Das mercearias familiares ao Jumbo das figuras públicas. Dois países encostados um ao outro. O cronista, viajante sem passaporte, algures no meio, sem pertencer a nenhum deles.
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