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Não conheço ninguém em Portugal que tenha dúvidas. Ah, é você. Ok, desculpe. Até agora não conhecia. Ouço muita gente – aqui na rua e no bairro público - a afirmar sentenças claras como uma tarde de Agosto, inequívocas como um regulamento. Quando alguém se prepara para exprimir a sua opinião, fico a olhar-lhe o rosto. Tento espreitar um tremelico de um músculo facial, um sinal físico de indagação, de procura, de questionamento. Nada. O músculo fica sempre esticado. Engatilhado para o disparo. E dispara.
Lembrei-me do assunto depois de ter ouvido uma boa conversa, em ambiente universitário, com o Jacinto Lucas Pires. Sonho com o dia em que um agente político relevante – português ou europeu - tenha a bravura de fazer uma conferência de imprensa para revelar que, no estado babélico que em isto está, tem uma interrogação para revelar, não a exclamação do costume. O instante em que um comentador mande desligar o microfone porque o que lhe vai na alma é uma agonia de pontos de vista que o consomem e não o deixam dormir. O segundo em que, no café, o homem com o cabelo puxado para trás com uma brilhantina anacrónica, estacione o verbo para confessar que não tem nenhuma convicção sobre o árbitro da partida do fim-de-semana seguinte.
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