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“Vou dar de frosques.” “Ele anda a apanhar bonés”. “Estás aqui estás ali.” “São horas de dar ao dente.” “Tem cuidado. Ainda arranjas um 31.” Há expressões que vão acabar. Lembrei-me de algumas numa conversa por email com o Ricardo, amigo recém-emigrado e saudoso da sua gente. Não são cool. Deviam ser guardadas em lugar seguro, neste caso ao alcance das crianças. Se um rapaz de 14 anos atravessar o pátio do liceu para, entusiasmado, mostrar o smartphone novo aos amigos e gritar “estou que não posso” vai ser gozado até ao fim do liceu. Há uns anos daria origem a uma “barrigada de riso” e seria considerado “um prato”.
Se uma rapariga de 17, depois de uma saída à noite, escrever no Facebook “já não posso com uma gata pelo rabo” arrisca-se a ser desamigada por quem a acompanha desde a infância. Uns aninhos antes seria mandada “dar uma volta ao bilhar grande” ou considerada “chata como a potassa”.
Já que existem workshops sobre todas as bizarrias porque é que não há cursos para conservar expressões como “de partir o coco a rir” ou “carapau de corrida” (hoje certamente transformada em “sushi de alta competição”)? Ou então como “isso é mais velho que o cagar de cócoras”, expressão inultrapassável naquilo que significa e capaz de captar, mais do que os manuais de História, um hábito ancestral da nossa vida colectiva.
O resto aqui:
Somos portugueses. Definitivamente.
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