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O meu estômago já conhece o Caxemira, os seus odores e sabores, à distância. Por diversas vezes fui lá mimado, ainda era um jovem de vinte e tais anos - não um candidato a carcaça que se abeira dos 40. Guardo, aliás, na memória um divertido episódio ali passado: numa dessas primeiras digressões caxemirianas pelos territórios da comida indiana, convidei o meu já falecido avô para ir também e o meu avô, homem de hábitos e de uma crónica gentlemanship, suportou todos os exóticos ardores, mas não se eximiu de ter pedido, com simpatia, umas cinco garrafas de tinto ao funcionário (uma de cada vez, claro) alegando, em cada momento de prova, que todas apresentavam gosto a rolha. Não me lembro se chegou a beber alguma.
Tempos idos, quase noutra vida, que me ajudaram a ir directo ao sítio quando convocado para uma missão crítica. Não, não foi necessária qualquer ajuda do GPS gastronómico para chegar com facilidade ao 1.º andar de um dos prédios vizinhos da Praça da Figueira. Nem foi preciso dar especial crédito ao autocolante do trip advisor, colado na porta. Foi só subir as escadas, abrir a porta e sentar-me à espera que uma experimentada cozinha indiana viesse dar à costa. E veio, primeiro na modalidade de entradas, com dois Onion bhaji, pastéis de cebola com farinha de grão (€2), uma chamuça de frango (€1) e o inevitável cheese nan, pão indiano com queijo (€2,50). Picantes elogios para os bhaji e para a chamuça, ambos de qualidade superior – com vida e graça, nada secos como acontece em tantos de outros redutos de comida do género.
Os senhores pratos: um caril de camarão com molho à indiana (€10), com um soberbo caril de molho doce e ligeiramente picante e, em vez da habitual escolha de tandori de frango e borrego, uma chana massala (grão com molho especial), a €7.50. O grão tem um sabor intenso, ligeiramente fumado e pouco habitual. Voltaria a repetir. Para acompanhar, arroz basmati (€3), aquele arroz colorido e perfumado e enriquecido com sultanas e caju. Não havendo gulab jamun (uma mania antiga em versão doce de leite e açúcar embebidos em calda de água de rosas), fiquei-me pelo café. Depois atravessei o cada vez mais apetecível Martim Moniz, onde um dia concretizarei a ideia de realizar um musical, para o qual conto consigo, dançarino leitor.
Caxemira, Rua Condes de Monsanto, 4, 1.ºdto, 1100-159 Lisboa, 218865486
Preço Médio por Refeição: 15 euros.
Classificação: 88 %
(texto publicado nos suplemento "Tentações", da revista Sábado)
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