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Chambéry

por Nuno Costa Santos, em 31.05.17

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Têm-me perguntado como é que correu o Festival de Chambéry e eu, novo malcriado (os meus pais nada têm a ver com estes demandos recentes), não tenho dito nada. A verdade-verdadinha é que, no sábado de manhã, no quarto de hotel, comecei a escrever um denso relatório da primeira sessão mas o texto desapareceu do ecrã, possivelmente com a ajuda do vapor da vaidade. Falava aí, com algum detalhe, da primeira sessão em que participei, “Premier Roman, Premier Écran”, com o escritor francês Laurent Binet e com a escritora do Quebec Sophie Bienvenue. Os meus comparsas de encontro tiveram livros seus adaptados ao cinema – e, quando cheguei à sala, acabara de ser exibido um filme baseado no primeiro romance de Binet, “HHhH”, sobre o assassinato do chefe dos Serviços Secretos nazis Reinhard Heydrich, editado em Portugal pela Sextante. O primeiro romance de Sophie, “Et au pire, on se mariera”, também foi adaptado ao cinema e o filme vai ser estreado em Setembro. Discutiu-se um ponto: deve o autor do livro participar no guião? Binet não quis participar no gesto, Sophie, sim. Aqui o escriba emitiu uma opinião: caso tenha essa possibilidade, irá participar no argumento, embora também peça o olhar de um guionista próximo e a cumplicidade assertiva do realizador. No dia a seguir participei noutra mesa, no qual também me senti bem, enquadrado (senti que os organizadores do festival procuram encaixar os participantes em encontros, com temas concretos, nos quais fizesse mesmo sentido estarem), com o tema “Le Temps Revisité”, na qual pude conversar com os romancistas Pierre Pejú (francês) e Fabrice Sluys (belga, a viver em Bordéus desde os anos 80). Cada um disse da forma como desvela a memória na escrita. Pejú, no livro que publicou este ano, “Reconnaissance”, pela Galimard, oferece a sua própria memória a um romancista-narrador que faz uma viagem fragmentária ao passado e Sluys editou em 2016 “Mouradouna, Le Pays d’en haut”, pela Passiflore, sobre um homem que, na velhice, se faz regressar a um lugar mítico. Foi bom. Arrisquei novamente o meu franciú, com ajudas pontuais da tradutora Monique Clerc, sempre excelente. De resto, houve jantaradas, a comemorar o 30.ª aniversário do festival (numa delas vi, noutra mesa, desasossegado, Mathias Énard, sim, esse, o autor de “Bússola”) e um concerto de Lior Shoov, uma moça que vive entre França e Telavive e que deu um espectáculo sentimental-burlesco, fazendo uso de variadíssimos instrumentos (quando a ouvi pela primeira vez, ainda pela net, lembrei-me de Pascal Comelade). Um agradecimento à Gulbenkian de Paris – em especial à Ana Paula Jorge – que foi quem patrocinou o périplo. E um viva a esta festival, que celebra os debutantes – que bem tratada uma pessoa é! - e que os incentiva a novas danças.

 

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