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Do Canadá, com Flores

por Nuno Costa Santos, em 25.02.15

 

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Os The Weather Station (afilhados no nome dos antiguinhos Weather Report) são basicamente a canadiana Tamara Lindeman, solitária songwriter folk.

A instrumentação do grupo faz, com as suas delicadas e dedilhadas guitarras, lembrar o ambiente das canções de Nick Drake. As dela também são boas, até por causa do tom metafórico das letras, para passeios no campo com uma banda sonora alternativa às melodias pimba que enchem as festas rurais. Tamara versus Rosinha.

Subiu na vida – que é como quem diz na respeitabilidade dos públicos – com “All Of It Was Mine” (2011) e com “What Am I Going To Do With Everything I Know (2014). Vem aí a terceira travessa, “Loyalty”, valor cada vez menos estimado mas ainda no coração desta mulher que parece viver fora deste ruído twittado. O álbum, colaboração de Lindeman e Afie Jurvanen (Bahamas), é produzido por Robbie Lackritz (produtor das deambulações de Feist).

Mais aqui.

 

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publicado às 13:26

Como é que Se Escreve Sobre uma Mãe?

por Nuno Costa Santos, em 24.02.15

Como é que se escreve sobre uma mãe? Não sei. A mãe, aquela que me levou de um lado para o outro, que me foi buscar ao judo, a minha mãe que me fazia perguntas para os testes, que me ensinou a matemática na qual nunca me consegui concentrar. Como é que se escreve sobre uma mãe? Errando o alvo, escrevendo ao lado,  querendo deixar a escrita para lhe ligar a saber dela.

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publicado às 23:45

Whiplash é uma Banda Sonora

por Nuno Costa Santos, em 23.02.15

"Whiplash" é um filme que vive  da relação tensa, sempre à espera de voltas e contra-voltas do guião, entre o mestre e o aluno. Mas não nos podemos esquecer de um terceiro personagem fundamental: a banda sonora.

 Mais aqui.

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publicado às 01:56

Literatura

por Nuno Costa Santos, em 21.02.15

 

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publicado às 00:03

Quatro Canções

por Nuno Costa Santos, em 20.02.15

Vozes no feminino a cantar temas novos que se recomendam.

Courtney Barnett, Sharon Van Etten (sim, a moça da foto), Laura Marling e Sleater-Kinney.

Ver e ouvir aqui.

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publicado às 00:03

Violência Doméstica

por Nuno Costa Santos, em 18.02.15

Existe muitas vezes em Portugal a ideia de que uma boa escrita literária é uma escrita poética. Uma ideia equívoca. Uma boa escrita literária é aquela que melhor serve o propósito do texto. E se o propósito do texto estiver longe de qualquer tipo de lirismo a escrita poética só está ali para atrapalhar.

 

“Acabar com Eddy Bellegueule”, de Édouard Louis (edição da Fumo Editora com tradução de António Guerreiro), é feito de uma escrita que nada tem de poética. E o tema – a afirmação de uma identidade pessoal/ sexual/cultural – podia pedir floreios de linguagem. Édouard Louis, novíssimo escriba, recusa essa solução e prefere um tom que nada tem de descontrolado. É económico, consciente, seco. Com o sentido do início, com a preocupação do remate.

 

A primeira frase do romance é o erguer de punhos do narrador e protagonista: “Da minha infância, não tenho nenhuma recordação feliz”. Uma infância passada numa aldeia do Norte de França, com os pais a zelaram para lhe dar “uma boa educação”, protegida daquilo a que chamam “a escória e os árabes da cidade”.

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Não há aqui uma melancólica procura do tempo perdido. Existe a narração de um bullying que começa por atingir fisicamente alguém (aos 10 anos, leva com escarros no rosto) e depois se torna um pesadelo cruel e grotesco para um ser “efeminado”, homossexual, descolocado, num sítio onde só se impõem os brutos. No masculino e no feminino (as mulheres da terra dizem frases como “eu cá tenho colhões, ninguém faz de mim o que quer”).

 

“Acabar com Eddy Bellegueule” é a vingança de um personagem ofendido – não a vingança do dente por dente mas a vingança possível pela literatura, pelo ofício da linguagem. Aquela que permite a consagração de um ambiente que pouco se conhece, onde as alcunhas são hereditárias e os pais comem pela marmita “como os animais”. Não é uma redacção escolar, um poema em prosa sobre um universo pitoresco ou um relato de auto-ajuda. É literatura mesmo, potenciada pelo trabalho de procura e corte (Louis disse ao Les Inrocks: “Les vérités que j’ai essayé de mettre à jour, je n’ai pu les mettre à jour que par le travail littéraire, stylistique, formel, un travail sur la langue, sur la ponctuation, etc”). Nesse sentido pouco importará saber se é a autobiografia do autor, ele mesmo vindo de um meio e com um alegado percurso de emancipação semelhantes aos de Eddy.

 

Eis o retrato literário de uma França rural para além das aparências parisienses: xenófoba, machista, homofóbica. Fundamentalista também, como aquela que se vai impondo, hoje, pelo terror. Nesse sentido não será muito diferente de um certo Portugal que João Bonifácio retratou numa reportagem para o jornal Público, a partir do caso Palito - uma peça que retrata o sequestro humano e social provocado por aquilo que se convencionou chamar violência doméstica. Sem controlo algum. E, pior, aceite.

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publicado às 23:36

A Vida no Parlamento em Inglaterra

por Nuno Costa Santos, em 18.02.15

A BBC Two está a transmitir um programa sobre a vida no parlamento britânico.Desde as primeiras horas, sim - aquelas em que os cães fazem a revista. Do programa fica muita coisa, além do óbvio gosto pela tradição, respeitada por todos os quadrantes. Vêem-se propostas "locais" de deputados ao primeiro-ministro britânico. Vê-se o primeiro-ministro a elogiar nos corredores a intervenção de uma deputada da oposição.

Mais aqui.

Ver vídeo aqui.

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publicado às 18:36

Varoufakis é nome de amante

por Nuno Costa Santos, em 17.02.15

A esquerda em Portugal está a ter um caso com o Syriza e continua casada com António Costa. O casamento com Costa anda a ficar chato: o homem nem sim nem sopas. Fica ali em frente à televisão enquanto a mulher espera um serão diferente. A esquerda quer promessas de uma vida nova e excitante, não mais uma noite igual a tantas outras em que vai dormir mais cedo com o livro do Rodrigues dos Santos.

 

 

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"Volta para casa, querida, que isso não passa de uma aventura", diz em terno desespero o actual presidente do município – e haverá coisa mais chata do que ser presidente do município e usar uma gravata e não aquelas camisas sexy de Yanis Varoufakis, um homem com um nome que apetece partilhar com as amigas? "Sabes que estou a sair com o Yanis?" Bem diferente de um deprimente "estou a sair com o Costa".


Mais aqui:

 

(artigo publicado na revista Sábado).

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publicado às 01:32

Vulneráveis, Sem Desculpas

por Nuno Costa Santos, em 16.02.15

Só tenho um amigo que ouve Go-Betweens no Spotify e isso quer dizer que o mundo não anda bem. "The World Won’t Listen", já dizia quem sabe. Felizmente no universo da edição ainda quem se interesse pela melhor poesia. Acaba de sair “G Stands for Go-Betweens: Anthology Volume One, 1978-1984” (EMI).“I Loved the Go-Betweens because their songs felt so vulnerable, without apologies”. A frase é de um critico do Guardian. Só mudava o tempo verbal para caracterizar a minha relação, ainda hoje, com a música destes australianos orgulhosos. Ouvir Go-Betweens é acreditar na beleza das coisas, muitas vezes debaixo de uma chuva primaveril (“Spring Rain”, sim).

 

Dois nomes na dianteira desta literata rapaziada (o nome da banda vem do livro de L.P. Hartley “The Go-Between”): o ácido Robert Forster e o doce Grant McLennan. Conheceram-se em Brisbane. Um continua a passear a sua esguia e charmosa figura onde bem lhe apetece e transformou-se em crítico musical. O outro, homem terreno de sorriso são, morreu de ataque cardíaco aos 48 anos. Desde a morte do segundo aquele mundo que não os segue ficou a saber que Forster não se imagina a subir ao palco sozinho.

 

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O primeiro período dos Go-Betweens está aí para consumo entre duas selfies. É mais agreste, mais experimental, mais doido. Compreende remasterizações dos vinis “Send Me a Lullaby” (1982), “Before Hollywood” (1983) e “Spring Hill Fair” (1984), este já macio e quente. E um álbum intitulado “The First Five Singles”. Mais: quatro CD’s, que trazem demos, lados b, actuações ao vivo com temas que nunca chegaram a ser. O crescimento em público de uma banda que foi tornando mais arrumado o som com os anos – até atingir uma espécie de perfeição em “Streets of Your Town”.

 

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Mais aqui

 

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publicado às 16:11

J’aime La Vie na Culturgest

por Nuno Costa Santos, em 15.02.15

“Eurovision”, que vi na Culturgest, é um espectáculo que se mete com a intelectualização que o espectador médio da Culturgest faz dos espectáculos a que assiste. Toda a conversa do teatro “pós-moderno”, da “intertextualidade”, do tom “paródico” é justamente aquilo que ouve nos corredores do edifício depois de terminados os shows. Ou seja: “Eurovision” faz rir quem julga que por um momento também olha o teatro como Pedro Zegre Penim – e o seu cúmplice em cena, André e. Teodósio – o olham. Quem está mais próximo do esquema crítico do teorizador João Barrento, alvo de sátira. Em si já é muito divertido. Ver dançar alguém ao som de “J’Aime La Vie” no território das “artes performáticas contemporâneas” também é qualquer coisa. E um actor assumir que bebe um copo de água em palco (que é só um copo de água e não uma metáfora) porque tem sede é escandalosamente saudável.

Foi a única peça a que assisti da trilogia (posso, senhores, chamá-la trilogia?) “Eurovision”, “Israel” e “Tear Gas”. E dei-me por satisfeito. Porque é libertador, porque se está nas tintas, porque diverte, porque não se justifica, porque no fim assume que não sabe para que é que aquilo tudo serve. Porque me faz pensar nalguns comentários que já ouvi em relação a um texto que escrevi para palco: “é muito televisivo”. Para usar esse ângulo, “Eurovision” é tão televisivo que até traz o ambiente dos festivais da canção para o terreno de jogo. Não me faz sentir tão sozinho. Obrigado. Mandem nib para fazer a transferência.

 

Isso leva-me para uma questão que me ponho de vez em quando: como é que alguém com 40 anos pode criar hoje – nas escritas, nas representações, nas artes em geral – fingindo que não cresceu a ver televisão e a jogar ZX Spectrum? Como se viesse de um mundo de abstracção só com referências cultíssimas. Recusar é uma coisa, fingir que nunca se fez um zapping antes de ir dormir é outra.

 

Claro que George Steiner e a sua ideia de Europa estão lá – e muitas outras referências cultas e que são jogadas em nome de uma procura séria. E que o texto começa por ser uma digressão virtuosa por várias línguas e um ensaio sobre o que é estar em palco - assumir o papel de clown a servir sabe-se lá o quê. Mas todas essas tentativas convivem com uma atitude distante do teatralmente correcto que se julga incorrecto.

 

Toda a gente que trabalha em teatro já ouviu observações como “não uses vídeo em palco porque o vídeo já está muito visto”, “não faças espectáculos de uma hora porque é mais próprio do entretenimento”. Esse analítico palavreado é questionado e gozado em nome de um sempre pertinente “porque não?”.

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publicado às 21:21

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