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Angústia para o jantar

por Nuno Costa Santos, em 26.11.18

 

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publicado às 18:15

Otavio

por Nuno Costa Santos, em 23.08.18

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Morreu anteontem Otavio Frias Filho, director da Folha de São Paulo. Desde aí tem andado comigo “Queda Livre – Ensaios de Risco”, livro – na edição portuguesa pela extinta Palavra – com textos sobre algumas experiências do autor, geradoras de medos, especulações e pesquisas. Como a de saltar de pára-quedas : “Pára-quedismo é seguro, alpinismo e mergulho também; estatisticamente, tudo é seguro. O problema é que a estatística não tem muito a dizer para cada caso individual”. 
Na hora do aperto, que é como quem diz, do salto, ocorreu ao aventureiro angustiado a frase, uma das preferidas do seu pai, que D.Sebastião terá endereçado ao próprio corpo enquanto o carregava para a batalha de Alcácer-Quibir: “Tremes, carcaça; pois tremerás mais ainda quando souberes para onde te levo!”.

Outras experiências aqui revolvidas são a de fazer uma incursão à Amazónia para visitar uma seita e ingerir um líquido turvo com o encargo de oferecer novos entendimento sobre o universo. A de descer ao fundo dos mares em submarinos, levando no bolso o catálogo, entre o informado e o neurótico, de situações em que, vá, as coisas não correram bem com a maquinaria. Existem outras, como a sagrada peregrinação do caminho de Santiago e a bem profana digressão pelas caves do sexo “transgressivo”. A última, a mais extrema, é a imersão nos negros labirintos do suicídio.

O meu ensaio preferido é sobre a experiência teatral de Otavio Frias Filho – ele que, começando por ter sido um espectador omnívoro de teatro (“Sempre que viajava ao exterior fazia peregrinações solitárias e melancólicas a todo o teatro disponível, na cidade que fosse, tendo conhecido inúmeras espeluncas em bairros ermos e assistido a espectáculos de todo o tipo e qualidade”), escreveu algumas peças e representou outras.

Começa assim essa prosa: “Eu estava em frente a um espelho de camarim, piorando a minha maquiagem a cada tentativa de consertá-la”. E esse tom autodepreciativo e autocrítico prolonga-se pelos amazónicos parágrafos dentro. Os estudantes de artes do espectáculo podem aqui encontrar pistas de conhecimento sobre diferentes métodos de direcção de actores e de funcionamento teatral.

Da experiência no teatro ficou-lhe o trauma de haver recebido uma vaia, o mesmo tipo de vaia que Nelson Rodrigues recebeu na estreia de “Perdoa-me por me traíres”. Acontecimento que veio apenas carimbar todas as suas dúvidas sobre o percurso a seguir como dramaturgo.

Conheço essa aversão ao síndrome “Eu ainda tive a oportunidade”, que se manifesta logo depois de um "famoso" morrer. Mas, no caso, permito-me a esse pecado internético de partilhar que conheci Otavio Frias Filho, por ser amigo de um amigo. Fiz-lhe uma entrevista há muitos anos no Rádio Clube Português e desse encontro ficou-me a discrição, a sabedoria e a inteligência rigorosas, sempre em voz baixa. E a elegância no trato de um dos grandes obreiros, das últimas décadas, do melhor jornalismo independente, exigente e - virtude maior - pluralista.

 

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publicado às 02:09

JORNALISMO

por Nuno Costa Santos, em 04.08.18

- Está calor.
- Pois Está calor.
- Como é que está a lidar com este calor? 
- Com calor.
- Mas não acha que este calor é um calor que é muito calor?
- Tem razão. É um bocado calor. É um calor que é calor.
- Então não acha que este calor pode ser demasiado calor para o calor que faz nesta época de calor? 
- De facto o calor assim é algo que faz com que uma pessoa sinta muito calor. 
- E o que é que pode mais dizer sobre este assunto do calor neste directo sobre o calor? 
- Queria só acrescentar que está muito calor.
- Muito obrigado, cidadão que está a sentir calor. Agora passo para estúdio, onde está com certeza muito calor. 
- É verdade, aqui há muito calor. Mas temos mais notícias para dar: está a fazer um calor que não se pode. Vamos já fazer um directo para saber mais novidades sobre este calor que faz muito calor.

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publicado às 18:27

...

por Nuno Costa Santos, em 29.06.18

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publicado às 22:48

E também se fala dos Marillion

por Nuno Costa Santos, em 18.06.18

O tempo que passamos aqui na terra é demasiado curto para alguém ser chamado de velho.

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publicado às 14:57

Manuel Fúria e os Náufragos

por Nuno Costa Santos, em 04.06.18

A canção infinita.

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publicado às 17:36

Que penhora

por Nuno Costa Santos, em 31.05.18

Rafael não pagou impostos durante anos. O Fisco identificou a irregularidade e Rafael não teve dinheiro para pagar a dívida. Então o Fisco começou a fazer-lhe uma penhora. Penhorou-lhe o ordenado, penhorou-lhe o carro, penhorou-lhe a casa. E agora acaba de lhe penhorar a vida pessoal.
Rafael não se pode dar com ninguém. Nem por SMS. Como nunca vai ter dinheiro para pagar a dívida, Rafael não vai poder dar-se com ninguém até ao momento da morte. Depois pode ser que dê. Pode ser que encontre alguém com quem possa falar.

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publicado às 12:27

Vasco Santos

por Nuno Costa Santos, em 22.05.18

De repente, o corpo parece que começa a falir, num estado de choque. Depois temos estes problemas todos da hiper-insónia… Também há um adoecimento físico muito grande. Ao mesmo tempo que se impõe uma grande ideologia da saúde, nunca como agora se vê tantos cancros em pessoas tão novas. Tenho vários pacientes que se debatem com doenças oncológicas ou enfartes ainda muito jovens. São sinais de que estamos numa sociedade altamente neurótica, stressante, onde não há direito ao ócio. 

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publicado às 11:09

A melhor capa

por Nuno Costa Santos, em 14.05.18

 

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publicado às 23:53

Impura literatura

por Nuno Costa Santos, em 12.05.18

 

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Alegra-me muito o regresso de Vasco Santos, editor da Fenda e agora da VS. Que se apresenta, num texto da autoria do próprio do editor, como um catálogo que acredita na “verdadeira e impura literatura”. E é verdade isso. A melhor literatura é impura. Cruza géneros, dá guarida ao caos, provoca sem o objectivo pífio de chocar, faz exclamações quando se justificam, não se contenta com valsas bem ensaiadas. Aqui está o volume “Aforismos” do dramaturgo, jornalista, poeta e aforista Karl Kraus, que viveu em Viena entre o fim do Império Austro-Húngaro e o arranque da II Guerra Mundial, cuja publicação foi adiada mas que já está aí, nas melhores farmácias literárias. Escreveu: “Repreender a sátira significa argumentar contra a falta de consideração do fogo para com os méritos da madeira”. Por isso afrontou - com graça e mistério - políticos, jornalistas e gente da cultura vienense, denunciando a guerra, primeiro, e o nacional-socialismo, depois, e a forma como a imprensa, com uma linguagem corrupta, os adocicava com palavras mansas. Também escreveu sobre arte, língua, literatura, homens, mulheres. Craque no campeonato da frase curta, Kraus é um bicho literário impuro e inclassificável.

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publicado às 13:26


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